Ao andar pelas ruas de Pelotas não é difícil flagrar algum pedestre arriscando-se no trânsito. Atravessar fora da faixa de segurança, desrespeitar o semáforo ou usar o celular enquanto cruza a via são alguns dos muitos descuidos vistos. Por pressa ou falta de informação, o comportamento acaba fazendo parte do dia a dia e se torna um hábito. A partir de abril, algumas dessas infrações, previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), serão passíveis de multa.

Deise Soares trabalha na rua Marechal Floriano, entre General Osório e Andrade Neves, e afirma já ter presenciado muitas situações onde o pedestre estava em risco. “A falta de educação vem dos dois lados”, garante, referindo-se também aos motoristas. Outro ponto observado pela vendedora é a relação da população com a faixa de segurança. “As pessoas não esperam ser vistas pelos carros e se jogam”, comenta.
Cruzando a rua General Neto próximo à 15 de Novembro, um morador optou por não utilizar a faixa de segurança encontrada a poucos metros de distância. “É falta de hábito”, confessa. Ele não é o único. Não raro os pedestres deixam de utilizar o espaço dedicado a sua travessia e apertam o passo para escapar dos carros.

Próximo dali, na esquina das ruas 15 de Novembro e 7 de Setembro, também há uma faixa de segurança que, na maioria das vezes, é ignorada pelos pedestres. O mau estado de conservação da pintura é um dos fatores que inibem o uso, avalia o engraxate Jorge Santos. Sobre a mudança dos hábitos no trânsito, não tem dúvidas: “Falta força de vontade”.

A apreensão com o comportamento dos motoristas é um fator determinante para muitos pedestres. A dona de casa Zilda Tavares afirma que prefere cuidar o movimento dos veículos a confiar no semáforo de pedestres. Além disso, procura atravessar sempre em grupo, mesmo que isso signifique cruzar a rua com o semáforo fechado. Ela reclama da falta de paciência dos condutores. “Mesmo que o semáforo tenha aberto para os carros, eles devem esperar a gente terminar de atravessar. A vida tem de estar em primeiro lugar sempre”, acredita.

O taxista Hilário Pinheiro já tomou vários sustos durante os 15 anos de profissão. “Mas sempre consegui parar a tempo de não atropelar ninguém”, destaca. A dica do profissional aos pedestres é fazer contato visual com o motorista. “Mesmo onde tem faixa é preciso se fazer ver antes de atravessar.”

Comportamento passível de multa
Uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito lançada em outubro do ano passado regulamenta os artigos 254 e 255 do CTB. O primeiro trata do comportamento do pedestre no trânsito, enquanto o segundo refere-se ao ciclista. A norma autoriza a aplicação de multa quando os artigos forem descumpridos. 

Prevista para vigorar a partir de 23 de abril, a resolução ainda causa dúvidas. De acordo com Flávio Al Alam, secretário de Transportes e Trânsito, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) ainda precisa decidir de que forma vai funcionar a aplicação das penalidades. Para os pedestres, a multa corresponde à metade do valor da infração leve, ficando em R$ 44,19.

Proibições aos pedestres

►Permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto para cruzá-las onde for permitido

►Cruzar pistas de rolamento em viadutos, pontes ou túneis, salvo onde exista permissão

►Atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, salvo quando houver sinalização para esse fim

►Utilizar-se da via em agrupamentos capazes de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e com a devida licença da autoridade competente

►Andar fora da faixa própria, passarela, passagem aérea ou subterrânea

►Desobedecer à sinalização de trânsito específica

►Multa: R$ 44,19